A História de um Gym Leader

sexta-feira, 27 de março de 2020

Capítulo 2 – Preparações

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Notas Iniciais

Antes de mais nada, venho agradecer ao meu grande amigo Richard por estar me ajudando com a edição e correção dos capítulos.
ありがとう、リチャードくん!
Sem mais delongas, vamos lá!


O coração de Marcos palpita. Sua perna treme. Ele respira fundo e continua encarando o prédio do Comitê de Batalhas de Olivine.

“Nada de pânico. Vai ficar tudo bem. Sua vaga já está garantida. Você só precisa entregar os documentos...”
Eram os pensamentos do jovem – isso quando ele conseguia dar ouvidos a eles, pois seu abdômen reclamava por causa de sua ansiedade. A ligação entre o trato digestivo e o sistema nervoso é um tanto traiçoeira. Ainda mais para pessoas especialmente emotivas.

— Desistiu de novo! — Ele escuta uma voz masculina distante.

Era um rapaz, junto de uma mulher, olhando seu telefone. Provavelmente eles nem perceberam o jovem e ele não era um tópico, mas Marcos resolveu tomar as dores.
“Eu vou mostrar quem tá desistindo!” Pensou o jovem.

Ele marchou em direção à entrada e adentrou o prédio.

O golpe de ar gelado do Ar Condicionado do local deu mais alguns pontos de ansiedade ao jovem. Porém, ele conseguiu sacudir os sentimentos e correu para a recepcionista.

— B-bom dia! Eu... quero entregar meus documentos... Pra ser... Uh... Líder de Ginásio... — Falou o jovem, como diz a expressão, “para dentro”.
Felizmente a recepcionista era bem treinada para atender pessoas com o mesmo problema do Marcos. Tímidos, ansiosos, confusos... É comum ver jovens assim hoje em dia.
— Pegue o corredor à direita e vire à esquerda. É a sala 15. Você está com todos os documentos necessários?
— Direita, Esquerda, 15... Oh? Oh, sim! Cartão de Treinador, Identidade, CPF, Comprovante de Residência... Tem esse formulário... — Responde, tirando um envelope contendo vários documentos. Alguns até desnecessários, mas Marcos resolver trazer todos só por precaução.
— Isso, isso. Agora, pegue sua ficha e este outro formulário.
A moça entrega um papel totalmente preenchido e um pedaço de papel plastificado com um grande 23 estampado.
— Muito Obrigado! — Responde, dando uma rápida reverência. É algo cultural em Johto as pessoas darem uma abaixada em cumprimentos, agradecimentos, despedidas e pedidos de desculpas.
— Não há de quê. — Responde a moça, com um sorriso, já recebendo outra pessoa que chegara logo após Marcos.

Marcos perambula pelo corredor indicado, olhando para todas as portas, escaneando a arquitetura do local. Ele então chega na porta indicada. A Sala 15. Ele timidamente abre a porta.

O local contava com várias cadeiras braçadas e um birô onde havia um senhor folheando documentos.
Aquilo lembrava Marcos de uma Sala de Aula.
Ele se senta e começa a escrever o formulário.

Dentre as várias perguntas havia uma importante: Qual o tipo que você se especializa?

Marcos tomou um segundo para pensar. Ele sabia que mais cedo ou mais tarde lhe perguntariam isso. Porém, ele mesmo não tinha certeza.

Ele gostava dos tipos metálicos, assim como sua amiga Jasmine. Mas ele nem tinha muitos Pokémon metálicos no seu time...

Ele percebeu o tempo passando.

“Tanto faz!” Ele pensa, e assinala a opção “Metálico”.

Após alguns minutos, seu nome é chamado. Ele entrega os seus documentos. Apreensão toma conta dele e sua perna balança.

— Certo, senhor Marcos... Você está oficialmente participando das Eliminatórias da Competição de Título do Ginásio de Olivine. Boa Sorte.

Marcos mal podia acreditar. Estava acontecendo mesmo! Seu coração bateu mais forte e ele sorriu sem jeito.

— Muito Obrigado! — Mais uma vez, ele deu uma reverência sem jeito e saiu da sala – aliás, do prédio, correndo.

Ao voltar ao ar livre, ele solta um grande suspiro, como se estivesse prendendo a respiração o tempo todo. Ele solta seus ombros e relaxa seu pescoço, pendendo-o para trás. Ele estava tão tenso...
Ele resolve comprar algum chocolate para relaxar um pouco. Ele anda até uma barraca e compra uma barra.

— Vai chover! Marcos saiu de casa pela primeira vez no trimestre! — Diz uma voz masculina familiar a Marcos.

— Vitor?
— Eu mesmo! — Diz um jovem rapaz, pele morena, cabelos cacheados castanhos, olhos avelãs e um sorriso de lado — Agora... Você é você mesmo ou é... Um Ditto?
O Jovem cutuca rapidamente a cintura de Marcos. Marcos se evade, sentindo cócegas.
— PARE! HAHAHA!
— É tu mesmo. A cutucada no vão da costela nunca falha.
— Palhaço!

Os dois riem e voltam à conversa. Marcos oferece um pedaço de seu chocolate, mas Vitor nega. Ele nunca foi tão fã de doces. Eles se sentam em um banco e continuam a conversa.

— E o que faz Vossa Senhoria sair dos confortos do seu quarto para desbravar os perigos de Olivine?
— Hoje foi o dia de mandar os papéis pra competição, tá ligado?
— Ah sim, sim! Lembrei agora. — Vitor coloca a mão no ombro de Marcos e dá uma apertada amigável — Quando você ganhar, eu quero minha insígnia!
— Primeiro você vai ter que me derrotar. Isso SE você conseguisse!
— Óia pra ele...! Bora ver então se o bonzão é bom mesmo! — Ele se levanta e retira uma Great Ball de seus bolsos — Te desafio para uma batalha!
— Tá... — Marcos se levanta, fazendo um semblante que era difícil definir se era dor ou preguiça — Mas pode ser um contra um? Só tô com o Hagane...
— Que despreparado... Pode ser, vai.
— Ótimo.

Ambos caminham para um pequeno campo de batalhas na praça ali por perto. Batalhar nas cidades não é muito considerado em Johto. Além de poder ser perigoso, com os Pokémon acertando pessoas, veículos ou janelas sem querer, ainda podem bloquear ruas ou calçadas.
Mas sabendo o quanto os jovens amavam batalhas, cada cidade se responsabilizou por criar pequenos campos de batalhas, geralmente perto de Centros Pokémon, para que os treinadores tivessem onde batalhar. Afinal, querendo ou não, batalhas iriam acontecer e proibi-las não era uma opção.

— Vamo’ sem Juiz mesmo? — Vitor pergunta.
— É uma batalha casual, não tem pra que formalidade.
— Certo. Então... Vamos lá, Heracross!
Da Great Ball, saiu um grande escaravelho azul, que zuniu suas asas, enquanto produzia um som com sua boca.
— Indo na vantagem, né espertinho?
— Ué, o treinador de alto escalão é você! Vamos ver do que você é capaz!

Marcos dá um suspiro curto, enquanto sorri. Mas que atrevido! Ele não tem outra escolha, no entanto. Ele saca a Pokéball de seu parceiro Pokémon e a lança.

— Vamos, Hagane!

O grande dinossauro metálico sai de seu confinamento, rugindo. Qualquer um passando pensaria “que Pokémon feroz!”, mas isto era apenas o que transparecia na carapaça do grande Pokémon. Na verdade, Hagane era bem manso. Quando não estava batalhando, isto é.

— Seu Aggron tá com a carapaça mais brilhante que o usual...
— Poli ele ontem. — Respondeu o jovem, se pondo em “pose de combate”.
— Bem, prepare-se para fazer tudo de novo! Heracross! Ataque Corpo-a-Corpo!
O Pokémon escaravelho corre em disparada para cima do seu oponente, preparando uma chuva de socos.
— Ice Punch!

Antes que Heracross pudesse até mesmo dar seu golpe, Hagane deferiu-lhe um rápido, frio e brilhante soco no abdômen. Esta era a desvantagem do ataque Corpo-a-Corpo. É muito poderoso, porém, o Pokémon mantém a guarda baixa enquanto isso, dando oportunidades para contra-ataques.

— WHOA! ESSE FOI FORTE! Mas esperávamos por isso! Contra-ataque!

Heracross armazena todo o dano que recebeu, fazendo seu corpo brilhar. Ele então devolve o ataque com um murro no queixo do Aggron. O grande Pokémon recua, e Marcos põe a mão no seu queixo, analisando a situação.

— Smart Strike!

Hagane focou em Heracross e avançou com tudo, mirando com seus chifres. Heracross foi mandado voando para o outro lado do campo, com sua carapaça arranhada.

— O quê... Que ataque é esse?! — Pergunta Vitor, em confusão.
— Importei esse TM esse mês. Gostasse?
— Heh. Você e sua mania de falar os golpes em inglês.

Como Marcos sempre acompanhou batalhas pela televisão, e principalmente as da Liga Pokémon de Galar e do PWT de Unova, ele se acostumou em ver as pessoas falando os movimentos em inglês – tanto é que espelhou esse habito também em suas batalhas.
Na cabeça dele, isso também servia de estratégia para seus oponentes ficarem confusos quanto à que ataque ele está usando. O que na verdade até funcionava, sabendo que a pronúncia de Marcos não era a mesma pronúncia que um nativo teria, além de que ele comete ainda mais erros quando está nervoso.

— Bom, ainda temos a vantagem. Certo, Heracross?
O Pokémon responde com um zunido e um balançar de cabeça afirmativo.
— Então vamo’ lá! Heracross, Multiplicar!

O corpo de Heracross é totalmente encoberto por brilho, e dele, saem cópias do Pokémon, se espalhando pelo campo de batalha.

— Não vai funcionar. Smart Strike! — Comanda Marcos.

Hagane foca nos Heracross. Ele observa atentamente cada um deles, até que percebe: Uma das cópias não está translucida! Ele vai com tudo para cima do Heracross suspeito e o acerta em cheio.

— Ow! Como assim?
Smart Strike é um golpe que não erra! Um dos melhores movimentos do tipo metálico! — Respondeu Marcos, cruzando seus braços e fazendo um sorriso irônico.

Vitor fica pensativo. Marcos sempre teve essas estratégias. Não errar, roubar a saúde do adversário enquanto se cura, evadir ataques... Algumas batalhas com ele eram até imprevisíveis, mesmo que eles sejam amigos e ele até tenha conhecimento de suas estratégias.

— Ou você é muito bom, ou eu sou muito ruim... Heracross, Mega Chifre!!

Heracross focaliza toda sua energia em seu grande chifre. O mesmo começa à brilhar em uma luz verde. Heracross avança sobre Hagane, usando até mesmo suas asas como um impulso. O impacto faz o grande Pokémon se desequilibrar e cair.

— Boa!... Mas nós que vamos acabar com isso. Hagane! IRON TAIL!

Com grande paixão, Marcos dá o comando ao seu Pokémon. Seu movimento favorito. Claro, a chance do Pokémon errar o movimento é relativamente alta, porém dava um bom dano, e Marcos sempre usava como golpe final.
O Pokémon metálico correu em direção ao Heracross, concentrando energia em sua grande cauda, fazendo-a brilhar. Hagane então gira, golpeando o adversário com sua cauda.
Pelo impacto, Heracross é lançado até um dos lados do campo de batalha, já com dificuldade pra levantar.

— É... Já deu. Você venceu. — Vitor caminha até seu Pokémon e lhe oferece uma fruta, tirada de sua bolsa — Aqui, amigão. Coma isso e descanse.
— Você batalhou bem! Pena que você não investe tanto em batalhas...
— Eu nunca realmente quis entrar nessas coisas de Liga Pokémon entende? — Vitor se levanta e fica de frente pra Marcos — Quer dizer, batalhar é bom! Mas eu sempre quis mesmo é seguir carreira na música. Você do contrário, sempre se amarrou em batalhas... Fez de tudo pra coletar todas as insígnias de Johto... Eu já me sinto completo tendo ganhado a de Olivine.
— É, mas... Eu desisti...
— Sim, mas esse é o fato: Você desistiu! — Vitor pôs a mão no ombro de Marcos — Se você tivesse tentado, quem sabe você não era o campeão até agora!

Marcos pendeu sua cabeça pro lado e expirou. Isso era verdade. Esse era o peso que ele sentia. Ele desistiu sem nem tentar! Mas o problema foi justamente porque ele estava com medo. Medo de falhar. Pois desde pequeno, todos apontavam seus erros. Todos os seus erros. E por causa disso, ele não via o quanto ele acertava.

— Mas quer saber? Isso é passado! — Vitor balançou os cabelos de Marcos de forma brincalhona — Agora temos aqui Marcos, o Líder de Ginásio!
— Se eu ganhar...
Quando ganhar! Não pense em “se”, pois “se” é uma hipótese! Você impõe barreiras quando fala “se”. Porém, “quando” é diferente! Você tá impondo metas!
Marcos pôs uma cara sarcástica — Virou coach agora?
— 4,00 contos o minuto.

Ambos gargalharam. Eles retornaram seus Pokémon e caminharam até o Centro Pokémon, não longe dali, para curar seus Pokémon.

Uma coisa Vitor estava certo, Marcos era seu próprio inimigo. Ele mesmo que impunha as próprias barreiras e acha que é incapaz. E só o próprio podia mudar essa realidade e definir que seria um grande Líder de Ginásio no futuro.

Um comentário:

  1. Hello Sonny!

    Capitulo divertido com essa batalha para mostrar que o Marco é um bom treinador apesar da insegurança dele, vamos ver logo essa competição de líder ^^

    Comentário curto pois estou indo para o próximo já!

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