Notas Iniciais
Era
uma manhã de Domingo. Marcos está no seu marasmo depressivo como usualmente.
Por algum motivo, os Domingos pareciam mais pesados que os outros dias da
semana.
Já
tinham se passado três dias desde a cerimônia de abertura. Três dias desde que
ele passou por um vexame, como ele mesmo pensa.
Apesar
de seu pai, seu amigo Vitor, seu agora recuperado Rival Walter, e até mesmo a
própria Líder de Ginásio atual, terem dito que tudo bem, não foi um vexame, ele
deu seu melhor, foi tudo muito rápido e ele não estava pronto. Mesmo com tudo
isso, Marcos ainda sentia que ele passou vergonha.
Mas
ele devia continuar. Não devia desistir. Nem ele sabia o porquê. Talvez só não
quisesse dar mais esse peso para seus amigos.
As
eliminatórias começariam a partir de segunda-feira. Seriam quatro batalhas por
dia, uma de manhã, duas durante a tarde, e uma à noite, por oito dias. No total
seriam 32 batalhas.
A
primeira batalha de Marcos seria já na Quarta-Feira. Ele ainda teria tempo para
isso. Para se preparar, para treinar… Mas ele nem sentia mais aquele fogo para
batalhas. Não na frente de todo mundo.
Marcos
queria mesmo se tornar um Líder de Ginásio? Marcos queria mesmo passar por
todas essas batalhas?
Marcos
levanta de sua cama e sai de seu quarto para ir na cozinha pegar algo para
comer. Talvez o mal dele fosse fome.
Há alguns biscoitos no armário. Ele pega um pacote, abre, e retira um biscoito, comendo um, depois outro, e mais outro. Ele realmente gostava dessa marca de biscoitos.
*ding*
Seu
Gearphone toca, recebendo uma notificação. Ele prontamente o retira do bolso e
percebe: É uma notificação de Walter. Ele pretende ignorar, mas o rapaz manda
mais mensagens.
“Oi, man! Td bem?”
“Minha primeira batalha é amanhã! Cê vai ver?”
“Qnd é a sua mesmo? Quarta né? Vou ver!”
“Vou te dar uma força, man!”
“Fzd o q? Quer treinar?”
Marcos
respira fundo. Nem ele sabe como se sente em relação à Walter. Mas ele prometeu
que iria tentar refazer a amizade.
“To ss”
“Vo ver se eu vo. Tenho uns projetos aqui pra fazer…”
“ss quarta. Vlww”
“Nah, tô meio ocupado hj… dps blz?”
Obviamente,
Marcos estava mentindo sobre estar ocupado. Mas é o bastante pra Walter captar
a mensagem sem a necessidade de magoá-lo.
“Blza! Até amanhã!”
Marcos
devolve com um simples “até” seguido de um emoji sorridente, guardou o celular
e dirigiu-se ao seu quarto. Este seria um bom dia para continuar fazendo nada.
● ● ●
É
uma Segunda feira, por volta das duas da tarde. Marcos está um tanto atrasado
para acompanhar a batalha de Walter, que começou às 13h, mas não era como se
ele fosse ser barrado de entrar. Também não era como se ele tivesse extremo
interesse de ver a batalha.
Ele
entra no comitê, vai em direção à arquibancada do campo de batalha, e se senta
em um lugar vazio.
Havia
muita gente lá, e ele já estava se perguntando se não seria melhor acompanhar
pela internet.
A
disposição de batalhas, quatro por dia, era a seguinte: Das 10h às 12h, das 13h
às 15h, das 17h às 19h, das 20h às 22h. Duas horas de batalha, com intervalo de
uma hora dentre cada uma. A batalha de Marcos na Quarta feira iria ocorrer no
segundo período da tarde – o que era bom para ele. Ele gosta do período do fim
da tarde.
A
batalha já estava acontecendo.
Walter,
usando Pokémon Lutadores, contra outro rapaz, chamado Ernesto, que
aparentemente usava Pokémon do tipo Voador. Qualquer um diria que Walter
estaria em desvantagem, mas Marcos sabia muito bem que Walter tinha várias
estratégias para cobrir as fraquezas de sua equipe. Afinal, treinadores Monotype tem que saber não só montar um
time, como também como usá-lo e ter vasto conhecimento sobre seu tipo de
especialidade. Incluindo vantagens, desvantagens, imunidades e afins.
Walter havia escolhido um Lucario. Marcos lembrava bem daquele Lucario. O oponente estava com um Skarmory. Já havia se passado uma hora de batalha, e o confronto entre Lucario e Skarmory parecia já estar ocorrendo há alguns bons minutos. Olhando no telão, Marcos percebeu que ambos Walter e o adversário estavam apenas com dois Pokémon restantes, sendo uma batalha de três contra três.
Marcos
focou novamente na batalha. Parecia que Walter estaria tomando alguma ação.
—
Lucario! Chute Flamejante!
Lucario
pulou focalizando energia em seu pé direito. Faíscas saíram de seus pés e logo
ele estava envolto em chamas. Lucario tentou acertar Skarmory com seu chute,
mas a ave metálica escapou rapidamente do ataque.
— É
isso, Lucario! Esfera de Aura!
O
Pokémon canino focalizou energia na palma de suas mãos e as une. Uma esfera
brilhante apareceu imediatamente. Marcos sentiu um calafrio. Ele sabia que esse
era um dos efeitos daquele ataque. A concentração de energia naquela aura era o
bastante para ser sentido por toda aquela plateia.
A
esfera cresceu e se tornou mais brilhante. Ela tinha um brilho azul e parecia
ser “quente”, de alguma forma. Lucario então, libera a esfera em direção à
Skarmory. Ela foi tão rápida que, assim que pisca, ela já havia acertado
Skarmory, que caiu em parafuso no campo de batalha, derrotado.
O
impacto da esfera em Skarmory gerou outra reação no público. Todos pareceram
suspirar em uníssono, enquanto alguns checavam seus braços, os pelos eriçados.
Marcos, mais uma vez, não se surpreendeu, pois já havia batalhado contra este
Lucario e sabia que ambos a Aura quanto a capacidade de controla-la eram
incomuns.
—
Skarmory!… Retorne! — Pediu Ernesto, retornando seu companheiro à sua Poké Ball
— Boa estratégia. Atacar enquanto o oponente desvia para o ataque não errar…
— Esferas de Aura nunca erram. — Afirmou
Walter — O que eu queria era um golpe crítico.
Ernesto
fez um sorriso de canto de boca, enquanto ria pelo nariz. Aparentemente, ele
levou aquilo como um afronte.
—
Certo… Vamos ver então como você se sai conosco agora! Oricorio! Sua deixa!
De
dentro da Poké Ball saiu um pássaro de cor de lavanda. Seu canto era melódico e
breve. Na ponta de suas asas, parecia haver leques, assim como no topo de sua
cabeça. Mas isso era apenas suas penas. Marcos nunca tinha visto aquele Pokémon
antes. Ele realmente ficou surpreso. Embora parecesse reconhecer algo naquele
Pokémon… Havia outro Pokémon parecido que ele já ouviu falar?
— Dança da Confusão! — Ordenou o
treinador. Seu Oricorio começou a bailar, movendo suas asas enquanto dava
saltos e piruetas. O corpo da ave contornou-se em um brilho rosa e difuso, e
logo, Lucario também estava envolto neste brilho.
Involuntariamente,
Lucario começou a dançar. Oricorio aumentou a velocidade em suas piruetas,
deixando Lucario tonto. Se a dança parasse na hora, Lucario teria caído no
chão.
—
Aproveite a chance! Corte Aéreo!
Oricorio,
ainda dançando, pula e bate suas asas em um movimento extremamente rápido,
criando uma espécie de “lâmina de vento”, que foi lançada com toda a velocidade
em Lucario, que ainda não havia ganhado o controle – ou equilíbrio – de seu
corpo.
Lucario
é atingido pelo golpe e cai no chão. Ele está muito tonto para se levantar, e o
próprio golpe foi muito forte, e o deixou atordoado.
Walter
suspirou e respirou fundo. Ele precisava se manter calmo, ou iria perder. Ele
só iria conseguir dar os comandos certos ao seu parceiro Lucario se ele
estivesse concentrado na batalha.
—
Lucario, por favor, concentre-se. Use Mente
Calma.
Lucario
fechou seus olhos e pôs-se em posição de meditação. Leigos achariam que aquilo
era um pedido para ser atacado, mas verdadeiros treinadores sabiam que aquilo
era, na verdade, uma grande vantagem. Pelo visto, Ernesto sabia disso, visto
que ele parecia cauteloso.
—
Não ache que um movimento de status irá lhe salvar. Lembre-se que você está
vulnerável enquanto isso! Corte Aéreo!
Mais
uma vez, Oricorio lançou uma lâmina de vento contra Lucario. Porém, antes que o
ataque o alcançasse, Lucario levantou-se e repeliu o movimento com usando seu Chute de Fogo.
—
Mas… Como??
— Eu
treino meus Pokémon para serem autônomos também, e terem suas próprias estratégias
quando acharem necessários. Eles não podem ficar dependentes.
As
pernas de Ernesto tremem de raiva. Ele realmente estava levando cada fala de
Walter para o pessoal.
Marcos,
que observava de longe, raciocinava algumas coisas. Walter não parecia estar
querendo tirar uma com a cara do adversário. Ele meramente estava respondendo.
De forma fria, sim, mas sem real intenção de ser rude. Marcos se indaga. Será
que ele também não estava na mesma situação tempos atrás? Aliás, tendo isso não
ocorrendo só uma vez, como várias? Porém, tendo ele nunca processado direito e
pensado fora da caixa, ele guardou aquilo. Toda aquela mágoa sem sentido.
—
Chega! Dança da Revelação!
Oricorio
então, dançou elegantemente, usando suas asas com pontas em formato de leque
principalmente. Enquanto se movia, uma neblina misteriosa se formava ao redor
dele. Pequenas esferas luminosas e de aspecto flamejante se materializavam e
cresciam. Em uma parada dramática, elas atingiram o seu auge de crescimento, e
Oricorio lança o ataque contra Lucario, que não consegue desviar. Não fosse a
maximização de status que recebeu do Mente
Calma, ele teria sido derrotado com este golpe.
—
Desconfiava. Então é o tipo fantasma mesmo como eu pensava…
—
HUH?
—
Lucario! Bola das Sombras!
O
canídeo uniu suas mãos, como fazia para lançar sua Esfera de Aura, porém, ao invés de focalizar sua aura, sombras
começaram a se condensar na frente de suas palmas. Rapidamente, formou-se uma
esfera, carregada de energia negativa. Lucario a lança para Oricorio, que acaba
recebendo o golpe. Não tendo poder suficiente para aguentar, o pássaro deita no
chão, cansado.
—
Não… NÃO! NÃO, NÃO, NÃO!! — Ernesto grita em frustração, retornando seu
Pokémon.
A
plateia está em frenesi. Muitos gritando o nome de Walter. Sem que perceba,
Marcos também está de pé, torcendo pelo seu amigo. Quando cai por si, seu rosto
torna vermelho e ele senta-se. Walter retorna seu Lucario e dá alguns passos à
frente, em direção ao adversário.
—
Você tem boas estratégias, mas deveria focar mais nas suas defesas. Eu pude
passar por cima delas muito facilmente. Pokémon voadores são geralmente
rápidos, você deveria aproveitar isso e treinar seus Pokémon para recolher o
máximo disso. No mais, foi uma boa luta.
Ernesto
ficou em silencio por alguns minutos, tremendo de raiva. Ele finalmente solta o
que está sentindo. Ele basicamente faz um gesto obsceno com sua mão, e diz, com
grande fúria, para Walter “enfiar seus conselhos” em “algum lugar”. Ele sai,
pisoteando o chão, enquanto a plateia solta um sonoro “OWW”, seguido de vários
murmúrios de desaprovação.
Walter
segue para o vestiário, um tanto cabisbaixo, depois que sua vitória é anunciada.
Marcos, por ser um dos participantes, consegue acesso ao vestuário e procura
por Walter, que está sentado, mexendo no seu celular, com um rosto
inexpressivo.
—
Oi?
—
Oh! Marcos! Bom te ver! — Walter esboça um sorriso, e sua postura se ajeita.
—
Sim, uh, você está bem? Eu sei que você não lida bem com xingamentos tão fortes
e diretos…
—
Uh, bem… — O rosto de Walter muda para um semblante de raiva e frustração — Que
cara mais rude! Não sabe nem perder!
—
Não liga pra ele. Eu pesquisei ele e ele é um babaca. Só sabe xingar os outros
online. E quando alguém contesta ele, ele bloqueia. Não vale a pena gastar
humor com esse tipo.
— Se
bem que… — O rosto de Walter derrete sua expressão em uma de tristeza. Ele
suspira e olha para Marcos, com olhos tristes — Ele tá é certo. Eu sempre dou
opiniões e dicas quando ninguém pediu, e nas piores horas… Eu sou um chato. Por
isso ninguém me atura…
—
Ow, não é assim!
—
Não, Marcos. Você sabe que sim. — Walter respira de novo e abaixa a cabeça —
Você ficou com raiva de mim por isso. Por exatamente isso. Minha
inconveniência… Esse meu jeito “sabichão” que tenta ensinar todo mundo…
Marcos
engole seco. Neste dia ele finalmente percebeu. Claro, naquele exato dia Walter
agiu como um babaca, mas nas outras vezes, ele realmente estava querendo
ajudar. E ele pediu várias vezes por desculpas, tanto é que ainda sentia
remorsos.
Marcos
lembrou finalmente o porquê fez amizade com Walter anos atrás. Por que ele
precisava de um amigo. Alguém que o entendesse.
—
Walter. Eu já disse que te perdoo. Eu por acaso sou mentiroso?
Walter
levantou seu rosto, seu nariz escorrendo e lágrimas se formando.
—
Limpa esse rosto. Um homem des’tamanho chorando assim? — Marcos oferece alguns
lenços de papel de sua bolsa. Walter aceita de bom grado.
—
Muito obrigado, Mark. Você é tão… Tão… — Walter então desata a chorar, cobrindo
seu rosto com suas mãos e o papel, assoando o nariz em seguida. Marcos dá uma
curta risada de nariz, sentando-se ao lado do rapaz, abraçando-o com um dos
braços.
—
Quem te vê assim nem diz que é capaz de abrir um buraco na parede com um soco.
—
Que exagero! Dependendo da parede é uns três! — Ambos gargalham. Walter suspira
e vira-se para o outro rapaz — Valeu, cara. Você é um ótimo amigo!
— Eu
tô aqui pra isso!
Hello Sonny! Agora que li até o quarto, posso cobrar o 5 :D
ResponderExcluirWalter sendo Walter, pobre pássaro, perde e tem que ficar ouvindo conselho de batalha.
Mark continua na sua montanha russa de emoções, ele precisa parar de querer estar sempre bem visto e ter mais confiança, mas bem isso é trabalhado com o tempo.
Que fofo, apareceu um dos poké de alola, os passarinhos dançantes são uns amores.
Próximo cap vamos ganhar um 3x3 do Marcos com alguém?
Serão 6 fases de torneio, será que o Marco chega até o final? Sei não, o Walter tem uma boa vantagem em cima do prot, alguém tem que parar ele para nosso herói ir mais tranquilo até o final hehe
Bem, é isso Sonny, como estamos conversando pelo disc, comento os pontos que eu achei interessante por lá, até o próximo
Yo! Estarei em produção! Hehe!
ExcluirRealmente a autoconfiança e questões internas, não só do Mark como de vários personagens, é algo que eu quero trabalhar muito!
Eu também gosto muito do conceito dos pássaros de Alola! Enquanto procurava tipos voadores, lembrei dos Oricorios e resolvi usá-los! Eles são bem versáteis!
E sim, próximo capítulo, Marcos vai enfrentar alguém. Walter é realmente um oponente com grande potencial, mas... ainda estamos no início da história! Tudo pode acontecer! ;)
Até a próxima!